9. DEPOIMENTO RECENTE DO JOVEM ESTUDANTE DE HISTÓRIA, LUCCAS EDUARDO MALDONADO
DEPOIMENTO DE UM JOVEM ESTUDANTE DE HISTÓRIA
Luccas Eduardo Maldonado,
jovem estudante de História, me autorizou a postar nossa conversa pelo WhatsApp,
em setembro de 2020, que relato a seguir: “Olá Olga, desculpa a demora. Pode colocar. Seria uma honra” respondeu-me,
em 20/11/2020.
Essa conversa é
importante por retratar o empenho de um jovem estudante de História na
elaboração de sua tese de mestrado, e revela a influência do contato com a obra
de Nelson Werneck Sodré. Por isso passo a
citar alguns trechos dessa conversa. Durante essa troca de mensagens, Luccas me enviou uma foto do autor sobre o qual está
escrevendo sua tese de mestrado. Ele esclarece: ”Essa foto é do Moniz Bandeira
bem jovem, lançando um livro que tinha o prefácio do seu pai, O Ano Vermelho.
Atrás dele do lado esquerdo está Sérgio Magalhães, deputado trabalhista hoje
quase esquecido”.
Nossa conversa começou
assim: “Olá Olga Sodré, tudo bem com a senhora? Meu nome é Luccas Eduardo
Maldonado. Sou mestrando em história na USP. Luís Roberto me passou o seu
contato. Estou escrevendo um trabalho sobre um escritor que foi amigo do pai da
senhora nos anos 1960 e 1970. Eu poderia fazer umas perguntas se não for
atrapalhar, por favor?... Cara Olga, muito obrigado pela abertura. Quando todo
esse processo da pandemia passar, gostaria de agradecer a senhora pessoalmente...”
Combinamos, então, o
levantamento das questões que queria me colocar para o seu trabalho, e ele
concluiu: “O método proposto me parece ideal. Fazer as perguntas por escrito
e a senhora responder com os áudios do WhatsApp. Depois eu transcrevo as suas
respostas para serem validadas. Isso facilitaria muito meu trabalho. Eu poderia
ouvir repetidas vezes o áudio.”
Ele sublinha o interesse
pela obra de Nelson Werneck Sodré:
“Gostaria de declarar
a maior admiração pelo seu pai. Nunca o conheci pessoalmente, uma pena. Sou de
uma geração bem posterior. Todavia, "conheci" o intelectual Nelson
Werneck Sodré por meio de diversos dos seus livros. Lembro quando comecei a
estudar no Departamento de História da USP e vi a sala Nelson Werneck Sodré
pela primeira vez. Era uma figura distante naquele primeiro momento, apenas o
nome de uma sala. Com o tempo a situação mudou, tornou-se um autor comum em
minhas leituras. Um mestre que me ajudou a entender um pouco mais do Brasil”.
Explica assim a relação
entre o assunto de sua tese e a obra de meu pai:
“Escrevo uma
dissertação sobre Luiz Alberto Moniz Bandeira, intelectual de esquerda que teve
alguma relevância nos anos 1970 e 1980. Gostaria de perguntar se a senhora
lembra se houve alguma interação entre eles? Pergunto isso porque Moniz
Bandeira repetidamente agradeceu a Sodré em seus livros...Há um livro de Moniz
Bandeira, O Ano Vermelho, publicado em 1967, que tem um prefácio do Sodré. Essa
obra é um dos primeiros títulos que estudam as origens do PCB do Brasil... Eu
li As memorias de um escritor e não há nenhuma referência a Moniz Bandeira.”
Coloca-me ainda outras
questões:
“Gostaria de saber
também um pouco sobre um outro personagem da história da esquerda brasileira
por favor, Astrojildo Pereira. Esse livro O Ano Vermelho, de Moniz Bandeira,
foi escrito com os livros da biblioteca particular de Astrojildo Pereira. Pereira
faleceu em 1965, pouco depois do golpe. Tento mapear onde estava essa
biblioteca ao longo do tempo - uma parte aliás chegou a ficar em Itu, comprada
pelo historiador Edgard Carone. Falaram-me que Sodré chegou a ficar com a
biblioteca de Sodré durante algum tempo. Saberia me dizer se isso aconteceu de
fato?”
E conclui assim nossa
conversa:
“Luís Roberto me deu um
exemplar do livro da senhora. Irei ler com carinho nos próximos dias.”
“Cara Olga, muito
obrigado a senhora. Sou muito grato. Irei escrever as passagens da minha
dissertação que eu cito a senhora e te enviar.”
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